terça-feira, 14 de julho de 2009

Chefe, precisamos de um novo Recurso

Hoje de manhã abro meus feeds e encontro um post indicado pelo Jeveaux, do Guilherme Chapiewski, vale a leitura. Este post me fez lembrar que queria a tempos já falar sobre isso, e também sobre liderança. Vou dar então meus centavos de contribuição.

Concordo em número, gênero e grau com o post do Guilherme, e ainda acredito que uma empresa que trata pessoas como recursos está fadada ao fracasso. Pode até não ser no aspecto contratual, jurídico, comercial, mas com certeza no aspecto de que a empresa ou entregará produtos/serviços de má qualidade, como perderá pessoas muito boas.

Quem nunca ouviu falar o seguinte:

"Ninguém é insubstituível" e ainda "Precisamos de um novo Recurso" ou algo "bla bla bla... Recurso para substituir um Recurso que saiu bla bla bla..."

Não sou tão radical ao ponto de achar que ouvir a palavra "recurso" me dá um "nó na barriga", porque muitas vezes as pessoas que dizem isso, apenas usam a palavra por que ela está na moda agora e não veem mal nisso. O que me preocupa, é uma equipe, uma pessoa, ser tratada como um recurso. Em uma linha de produção com um trabalho restrito, e totalmente guiado por regras e procedimentos é complicado você trocar um "recurso" e tudo continuar como antes, imagine em um ambiente de desenvolvimento de software, por exemplo, onde muitos aspectos devem ser levados em consideração e é impossível existir, e que o conhecimento em uma determinada tecnologia não diz muita coisa sobre o trabalho que a pessoa irá fazer. Com certeza trocar um "recurso" não é nada simples.

Sobre a frase, "Ninguém é insubstituível", eu acho uma puta asneira. Se analisarmos do ponto de vista do que precisa ser feito, eu até posso concordar que várias pessoas podem criar uma mesma coisa. Agora, você nunca terá o mesmo trabalho feito por pessoas diferentes. Cada pessoa possui toda uma bagagem de conhecimento técnico e de vida, e isso influencia diretamente no que uma pessoa faz. Então, se uma pessoa está fazendo um ótimo trabalho, e você quer que seu produto continue com a mesma qualidade e eficiência, você precisa manter essa pessoa, principalmente se ela tiver um perfil bom, abaixo falo mais sobre o perfil. Você pode conseguir trocar uma pessoa, por outra, e esta substituta, ou fará um trabalho melhor, ou um pior, ou um trabalho semelhante, mas nunca igual. É dificil compreeender, e/ou visualizar a tênue diferença entre isso, pois isso envolve muitas questões, inclusive culturais e históricas.

Para pincelar sobre o assunto, tome-se como contexto, a história da revolução industrial, e a invenção da linha de montagem de Ford. Depois disso J. W. Taylor, definiu um pouco melhor que deveria haver um investimento maior em pessoas, desde treinamento, até em uma possível participação dos lucros, transformando-se em estímulo. Porém, ainda assim, o modelo era meio engessado e tinha uma visão mecanisada do trabalho e processo. Este tipo de metodologia ainda vem sendo empregado, e tem-se notado que não tem muito sucesso. E se nos atentarmos aos estudos atuais, vê-se que um modelo dinâmico de administração e controle de processos, está substituindo modelos engessados e mecanistas, principalmente numa área onde não existe, e não se encaixa uma linha de montagem. Por isso afirma-se hoje, que uma "fabrica de software" não funciona e nunca funcionará em um modelo engessado. O desenvolvimento de software, principalmente, deve ser tratado como criação de projeto, e não como linha de produção.

Outra grande influência é o fato de que cada vez mais empresas tem capital aberto, e são "dominadas" por acionistas que querem um lucro rápido, e por isso, querem fazer e vender logo, e não analisam que isso acaba gerando muitos problemas. Ao invés de se investir um pouco mais em tempo e treinamento, e principalmente no real capital que são as pessoas na empresa, e isso com certeza gerará um excelente resultado, desde o desenvolvimento humano, como lucro monetário efetivo.

Contudo, muitos dos problemas que existem hoje neste aspecto, podem ser atribuidos a gerência da organização.

Nem sempre uma pessoa que não está indo muito bem em determinada função, é um mal profissional. Cabe ao líder identificar isso, e tentar readequar a função da pessoa. Esta, sentido-se mais confortável fazendo um trabalho do qual gosta, produzirá mais e melhor. Com isso, não quero dizer que todas as pessoas são bons profissionais, e apenas não fazem o que gostam. Existe sim, pessoas que simplesmente não tem o perfil. Eu gosto dessa palavra perfil, ela diz muito mais do que, se "essa pessoa sabe isso, é formada em tal coisa, ou não sabe aquilo, então não serve". O perfil determina se uma pessoa estará apta a fazer tal coisa, independente do conhecimento que ela já tem.

Usando de exemplo, aprender um instrumento musical, não importa o quanto uma pessoa estude e se aperfeiçoe em algo, se ela não tem o dom ela nunca será tão boa quanto uma pessoa que tem o perfil para tal coisa. Um exemplo pessoal, é que eu já dei aula por exemplo de aplicativos como CorelDraw, eu sabia todas as funcionalidades, e tudo mais, mas eu nunca fui criativo para fazer algo descente, não tenho o perfil para isso. Não tenho o dom. Por isso, eu gosto de trabalhar com pessoas que tem um perfil bom, e não que conhecem tal coisa, ou já fizeram tal coisa, pois independente do que essas pessoas saibam, e ninguem sabe tudo, elas aprenderão o que precisaram apender e tenho certeza que a tarefa será feita, e quase na totalidade das vezes da melhor maneira. Também por isso acho que entrevistas além de avaliar o aspecto técnico da pessoa, devem também avaliar o perfil dela, e se esse perfil se encaixa no perfil procurado. Nesta área técnica é bom analisar o que é mais importante também, como por exemplo um "Cientista ou um Engenheiro".

Contudo, gostaria de falar um pouco sobre um assunto de igual polêmica, que é a diferença entre um Líder e um Chefe. Gostaria de colar aqui um email que recebi a um tempo atrás da minha esposa, que resume muito bem esse assunto:

Os principais estudiosos de Liderança começam a identificar nítidas diferenças entre um Chefe e um Líder. Parece oportuno, traçarmos um paralelo entre estas duas posições:

Os Chefes empurram - Os líderes puxam
Os Chefes comandam - Os líderes comunicam
Os Chefes são mestres - Os líderes são maestros
Os Chefes são comandantes - Oslíderes são treinadores
Os Chefes são os donos da voz mais alta - Os líderes dos ouvidos mais acurados
O Chefe administra - O líder inova
Os Chefes é um cópia - O líder é um original
O Chefe mantém - O líder desenvolve
O Chefe focaliza os sistemas e a estrutura - O líder inspira confiança
O Chefe pergunta "como" e "quando" - O líder pergunta "o quê" e "por quê?"

O Chefe convive melhor no "status-quo" - O líder desafia, muda
O Chefe é um bom soldado - O líder é ele mesmo
O Chefe faz a coisa corretamente - O líder faz a coisa certa
O Chefe obtém resultados através das pessoas - O líder desenvolve pessoas e grupos
O Chefe quer segurança e estabilidade - O líder quer desafios
O Chefe busca "status" de vida - O líder privilegia qualidade
Os Chefes são obedientes - Os líderes contestadores
Os Chefes são fazedores - Os líderes criativos.

O Chefe veste a camisa da empresa - Os líderes participam dos negócios da empresa

A genialidade dos líderes não está em obter conquistas pessoais, mas em libertar o talento de outras pessoas.
Se eu pudesse resumir esse assunto todo, seria com essa última frase.

Abraços.

Um comentário:

Cristiane disse...

Muito interessante Ju, pena que muitas pessoas só pensam em seu ego pessoal. Achei ótimo que voltou a postar no blog! =)