Conforme havia falado neste post sobre a Gestão do Caórdico e do Invisível, aqui vai um post mais detalhado sobre esse assunto. Mas gostaria de deixar bem claro que não sou nenhuma autoridade no assunto, seja sobre os assuntos do título e até mesmo sobre gerenciamento de projeto, muito aquém disso, porém estive lendo uns artigos e pesquisando um pouco mais sobre o assunto e com isso percebi que essas coisas se encaixam muito bem no nosso mundinho da TI. E sobre gerenciamento de projeto, falo sobre as experiencias que vivi, ou que vivenciei, ou que escutei, não sou gerente e realmente não posso falar com a experiencia de um gerente.
Embora, sejamos desenvolvedores e lidamos diariamente com aspectos tecnicos, conceitos de administração não servem apenas para o trabalho, estes conceitos são empregados em toda a sua vida pessoal, e acho que é um conhecimento muito válido para se ter.
Enfim, este assunto surgiu de uma entrevista que eu ví na Marilia Gabriela na GNT (não sei qual o nome do programa dela exatamente). Naquele dia ela entrevistava o Oscar Motomura, fundador da empresa chamada de Amana-key esta empresa é um centro de excelência em Gestão aplicada e inovações radicais na área. Enfim, a partir desta entrevista tomei conhecimento sobre estes temas, e ao começar a ler me identifiquei com os pensamentos, e com novos termos.
Bom, a idéia de Caórdico surgiu em 1999 (ou talvez um pouco antes, não sei a data exata) por Dee Hock fundador e Diretor Executivo Emérito da Visa Internacional, no livro que ele lançou entitulado Birth of Chaordic Age.
A palavra caórdico tem sua origem em duas palavras Caos e Ordem. Significando:
Comportamento de qualquer organismo, organização ou sistema autogovernado que combine harmoniosamente características de ordem e caos.Este conceito não é uma coisa nova, é apenas uma observação sobre o universo, já feita por outras pessoas, para outras áreas, como pode-se notar em Física Quantica, ou mesmo na Teoria do Caos, ou ainda numa vertente de Psicologia chamada Gestalt (essa minha irmã que me ensinou =]). Ele ajuda a compreender que não se pode analisar o todo analisando uma parte, isoladamente. Não podemos entender o funcionamento do corpo humano por intermédio da análise de uma célula do fígado, dos fenômenos do universo por intermédio da análise de uma partícula subatômica, ou de uma cultura organizacional apenas olhando seu departamento de contabilidade. É necessário uma análise do todo, começando do relacionamento entre seu pessoal, até chegarmos nos relatórios estatísticos.
"Caórdicos somos, caórdicos vamos continuar sendo, caórdico é o mundo e caórdicas as instituições devem se tornar. Esse é um caminho para um futuro vivível nos séculos que virão." Dee HockOutra definição que nos faz compreender melhor, foi da origem do caórdico por Dee Hock, da fonte de suas idéias, que foram de um fenômeno físico que trata sobre o delicado equilíbrio entre o caos e a ordem no exato momento antes da mudança do estado líquido para o gasoso dos componentes químicos. Isto se chama estado caórdico, ou seja, entre o caos e a ordem e é o momento onde a energia do sistema atinge seu ponto máximo.
Este conceito, como já disse no outro post, me levou a pensar em como os projetos de TI são, e de como eles são gerenciados hoje, e me fez ver que caórdico tem tudo a ver com a TI, e é claro que deve ter muito a ver com outras áreas tbm, mas como eu sou um cara muito especialista, apenas sei de TI. =)
Contudo, em algum artigo que li por ai sobre este assunto, o cara da um exemplo do Surf, e mostra quantas variáveis imprevisíveis e caóticas um surfista tem que lidar para se equilibrar na prancha e "dropar" uma onda, como por exemplo, o vento, a força da onda, o movimento da onda, a altura da onda, etc etc. Sendo estas coisas, todas conhecidas, porém impossíveis de se determinar com precisão.
Isto nos leva a fazer uma analogia com os projetos e o gerenciamento de projetos. Quantas coisas são previsíveis, mas indeterminadas? Como um gerente consegue lidar com tanto caos, e mesmo assim conseguir organizá-lo? São muitas coisinhas, que podem acontecer no meio do caminho, que agora eu realmente consigo ver, o porque este modelo antigo de Waterfall é tão precário. Eu acho que é um pouco desta comparação com as outras áreas que falta a nossa área, principalmente neste quesito.
Não é de se admirar que a maioria dos projetos segue o mesmo padrão de atraso na entrega, qualidade deixada de lado por causa de prazo, e correria na reta final. Realmente é impossível prever o que vai acontecer num projeto, no começo dele, quando normalmente é feita a estimatíva, e os prazos são estabelecidos, e muitas vezes isso é feito com o conhecimento de apenas uns 50% do que precisa ser feito, e isso é perigosíssimo. Sei que existem as "porcentagens de cagaço", o levantamento dos riscos, e tudo mais, mas ao meu ver este tipo de planejamento perde de longe para uma metodologia ágil.
Outra coisa que achei bem interessante, é sobre a Gestão do Invisível. Já tinha ouvido falar, mas acho que quando li sobre o assunto, não compreendi realmente. Este artigo do Oscar Motomura, fala muito bem sobre este tipo de gestão, e como isso pode influenciar de maneira positiva e negativa uma empresa, e como ela pode estar fadada ao fracasso por um simples erro, ou falta de atenção em um ponto que pode ser crucial. Em seu artigo, Oscar Motomura da alguns exemplos simples, como por exemplo:
Um grande grupo financeiro, conhecido por seu pioneirismo na área de tecnologia, realiza uma profunda reorganização. Num efeito colateral imprevisto, seus funcionários perdem a confiança no conjunto de valores que fazia da empresa um dos melhores lugares para se trabalhar. O grupo continua como um dos mais avançados do mercado em tecnologia e seus resultados ainda são bons, mas seus melhores talentos estão aos poucos deixando a empresa e os universitários, que antes faziam fila para juntar-se ao grupo, agora parecem preferir outras opções.Ao final de seu artigo, ele traz uma lista de algumas coisas que podem ser levantadas para a gestão do invisível, alguns pontos importantíssimos que a maioria das vezes passa desapercebido. Então abaixo, seguem os itens que achei mais interessantes.
- Custo da desarmonia e dos desgastes interpessoais no dia-a-dia
- Custo da competição predatória, da ausência de cooperação
- Custo da desconfiança e dos controles excessivos
- Custo da não-reciclagem
- Custo da desmotivação, da falta de pique das pessoas
- Custo da acomodação pelo sucesso alcançado no passado
- Custo da falta de diálogo e de sintonia
- Custo do não se importar com o amanhã e focar no curto prazo
- Custo do turnover de pessoal
- Custo da “taxa de urgência” e do fazer na última hora
- Custo da falta de criatividade
- Custo do refazer, do corrigir, do compensar erros
- Custo da tecnologia obsoleta
- Custo da manutenção excessiva
- Custo da baixa produtividade
- Custo da burocracia
"Estamos num ponto do tempo em que uma era de quatrocentos anos está morrendo e outra está lutando para nascer – uma mudança de cultura, ciência, sociedade e instituições muito maior do que qualquer outra que o mundo já tenha experimentado. Temos à frente a possibilidade de regeneração da individualidade, da liberdade, da comunidade e da ética como o mundo nunca conheceu, e de uma harmonia com a natureza, com os outros e com a inteligência divina como o mundo jamais sonhou." Dee Hock
Links sobre o assunto:
Éra Caórdica (Blog)
Você S/A
Oscar Motomura
Site Caórdico